terça-feira, 19 de novembro de 2013

Placa modernista de Ferreira da Silva assinada e datada.


2323 Cerâmica de autor. Placa modernista em cerâmica das Caldas, de  Ferreira da Silva assinada e datada 2002. Tema alusivo ao NATAL na Cencal.  Dimensões 49x32 cm.

Ferreira da Silva, nasceu no Prto em 1928. Foi aluno de José Contente e António Vitorino. Júlio Pomar aprecia o seu trabalho e leva alguns á sociedade Nacional de Belas Artes. Pinto Ribeiro Funda a Secla e convido-a para chefiar a secção de pintura. Em 1967 e 1961 concorre ás 1ª e 2ª  exposição Gulbenkian, com critica elogiosa de José Augusto França. Em 1964 expõe na galeria 111, e vence o Prémio Nacional de Escultura Soares dos Reis. Em 1967 é bolseiro do Instituto Caloust Gulbenkian em Paris. Em 1970 produziu peças de design adquiridas pelo dono da IKEA.

A partir de 1982 enicia a sua participação na CENCAL (Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica) sendo esta peça da sua responsabilidade, alusiva ao ano de 2002.






segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Caixa com tampa , tabaqueira de Manuel Mafra 1860-1870


Mais uma peça da minha coleção , aqui partilhada
 
2093    Caixa com tampa , tabaqueira,  de Manuel Cipriano Gomes,  “o Mafra”. Barro vidrado policromo a castanho escuro e mel manganês, azul , verde, vermelho e camursa. Peça rodada, modelada. Marcado na pasta , M Mafra com âncora , periodo 1860 - 1870.  Forma cilindrica com tampa. Decoração relevada, com répteis e insetos, em fundo com escorridos. M MAFRA / CALDAS / PORTUGAL / coroa , marcada na pasta. 16x13 cm de diâmetro.

 
MANUEL MAFRA

Manuel Mafra (1829- 1905) foi o ceramista caldense a quem se atribui a introdução em Portugal da cerâmica naturalista ao estilo de Bernard Palissy, o chamado neo-Palissy. Este estilo, caraterizado pela moldagem em cerâmica de formas vegetais e animais, em loiça utilitária ou meramente decorativa, veio a atingir o nível de excelência que todos conhecemos com Rafael Bordalo Pinheiro.

Manuel Cipriano Gomes Mafra, de seu nome completo, fundou uma fábrica de cerâmica nas Caldas da Rainha em 1853, segundo se crê numa antiga oficina que terá pertencido à quase lendária Maria dos Cacos.

Este ceramista inovou não só nas formas mas também nas técnicas de vidrado e assim veio a ser reconhecido e apoiado pela Casa Real, sobretudo pelo rei artista D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.

Usou na marca de fabrico uma âncora sob o seu nome, gravada na pasta, mas após ter sido nomeado fornecedor da Casa Real, por volta de 1870, substituiu a âncora por uma coroa. Por qualquer razão que desconheço, em 1897 terá fundado nova fábrica e aí voltou a usar a marca da âncora gravada na pasta.
 
sequência cronológica das marcas usadas por este ceramista caldense
1853 - 1860 - MCGM aplicado à mão1860 - 1870 - MCGM com âncora
1860 - 1870 - M. Mafra com âncora
1870 - 1887 - M. Mafra com coroa
1887 - 1890 - M. Mafra Filho com coroa
1897 - 1900? - variante M. Mafra com âncora
 
 
 
 






quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Tête-á-Tête personalizado da Vista Alegre 1865

ACM 6

Mais um raro conjunto, que com muito gosto aqui partilho,  que ficará por enquanto na minha coleção particular


Serviço para pequeno almoço, conjunto de encomenda da Vista alegre em 1865 , com a seguinte inscrição:


Offerecido ao Ilç mo. Snr. Manoel José Peixoto em 15 de Outubro de 1865, pelo seu afilhado Augusto Carlos de Almeida.





Fábrica da Vista Alegre

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Trata-se de um conjunto único, de grande qualidade, com caligrafia e cercaduras a ouro, e motivos florais pintados á mão, tendo barras ou faixas em tons de verde.

Infelizmente já um pouco incompleto, mesmo assim de grande beleza digno de um lugar no excelente museu da fábrica da Vista Alegre.

Conjunto costituido por:

Tabuleiro com 37,5x35,5x6,5, com asas a imitar encordoado
Bule com 25x10x14 cm. (falta a tampa)
Açucareiro com tampa com 12x11x8 cm
Leiteira com 11x10x10,5 cm
Dois peres com Diâmetro 13,5x2 cm de altura
(Faltam as duas chávenas

A VIDA DO COMENDADOR  MANUEL JOSÉ PEIXOTO, OU COMO ESTE SERVIÇO SOBREVIVEU A UMA VIDA ENTRE O BRASIL E PORTUGAL!

Almeida Pinto in Galeria Photographica-Biographica Luzo-Brazileira – Commercio e Industria

(Sexto ano, Número 68). Lisboa, 8 de Janeiro 1886.


Manuel José Peixoto, na idade de 14 anos e no primeiro dia de Janeiro de 1837, demandava a
barra do Porto a bordo da Galera Lusitana, que se destinava à América do sul.
Filho de um modestíssimo lavrador, António da Costa Peixoto, já falecido, e de D. Ana Joaquina
Rodrigues, ainda existente, levava a pretensão de ser admitido no comércio, funcionando em casa de um
tio estabelecido no Rio de Janeiro. Isso conseguiu, e com tal dedicação se entregou aos trabalhos do seu
ramo, que chegou a perder a saúde e teve de voltar à pátria em 1841.
Conseguindo restabelecer-se, curou segunda vez de ir para onde o chamava a sua actividade e
inquebrantável força de vontade. Para ali embarcou, portanto, no ano de 1842, e ali se estabeleceu como
sócio da firma Rodrigues Guimarães & C.ª, da qual fazia parte o actual visconde da Feitosa. Esta firma foi
depois substituída pela de Rodrigues Guimarães, Peixoto & C.ª com venda de fazendas na rua Primeiro de
Março. Sendo feliz no negócio e achando-se consequentemente em circunstâncias de mudar de estado,
resolveu constituir família, e ali desposou a Ex.ma Sra. D. Antónia Rosa Moreira Peixoto, senhora
estimabilíssima, que alia a um coração extremamente bondoso os dotes de uma esmerada educação, e o
espírito de uma excelente menagère, duma verdadeira e digna dona de casa; tudo o que pôde ser
confirmado por aquelas pessoas que se acham mais ou menos estreitamente relacionadas com a família
Peixoto. É esta uma afirmação que não pode ser contestada.
Em 1871 voltava Manuel José Peixoto à terra da pátria, trazendo com sigo a família, a esse tempo
composta da esposa e dois filhinhos.
Dando-se a coincidência de figurar entre os passageiros o imperador D. Pedro II, algumas vezes
sucedeu tomar ele no colo, acariciando-os e beijando-os com aquela afabilidade e despreocupação que o
caracteriza, os filhos de Manuel José Peixoto, os dois estudiosos mancebos que actualmente cursam com
aproveitamento notável a Universidade de Coimbra.
Depois de algum tempo de residência em Portugal, quis Manuel José Peixoto voltar ainda uma vez
ao país em que a fortuna lhe sorrira, e indo ali resolveu liquidar os seus negócios, para regressar
definitivamente à pátria em 1876 e estabelecer a sua residência permanente na casa a que há pouco nos
referimos, e onde vive satisfeito, amado e respeitado pela família, querido dos amigos e altamente
considerado dos conterrâneos.
Manuel José Peixoto deixou o seu nome vinculado aos estabelecimentos de beneficência mais
importantes do império brasileiro. Faz parte da Beneficência Portuguesa, que é uma das mais belas
instituições que ali possuímos e da qual foi um dos mordomos, dotando-a, do seu bolso, no mês em que
exerceu aquelas funções, com a importante soma de 2.000$00 reis.
Pertence também à ordem de S. Francisco da Penitência.
E como prova da sua longanimidade, do muito empenho que tem em minorar a sorte dos
desvalidos, faz hoje igualmente parte da ordem da SS. Trindade, estabelecida no Porto.
O nosso governo, prestando homenagem às suas qualidades e valimentos, agraciou-o justamente
com a comenda de Cristo. A casa de Manuel José Peixoto é um verdadeiro albergue. Os amigos encontram ali uma franqueza
e um conforto, como se em sua própria casa estivessem, e não há desvalido que bata inutilmente àquela
porta.
Eis, pois, em largos traços, a notícia do carácter do cidadão respeitável, cujo retrato damos na
primeira página deste número, trabalhador inteligente e activíssimo, que, partindo para o Brasil, no
princípio da sua carreira comercial, com a quantia de 1$440 reis na algibeira, soube, à custa do próprio
esforço, adquirir uma fortuna, que se diz ser considerável, mas cuja cifra não curamos de averiguar.
Resta-nos fechar este escrito com uma nota, que dá a linha mais perfeita do carácter deste
caritativo e honrado cidadão.
No último dia da nossa estada em sua casa, um dia assinalado, por ser o da festa dos Reis,
celebrava-se missa numa capela, que fica a pouca distância. Dirigíamo-nos para ali, impelidos por um
misto de curiosidade e devoção, quando se nos acercaram dois mendigos, homem e mulher, implorando
a nossa esmola. Tendo a felicidade de poder dar-lha, perguntaram-me nesse acto se eu pertencia à
família Peixoto.
Respondi-lhes negativamente; mas sentindo desejo de conhecer o motivo daquela pergunta,
inquiri-os a tal respeito. Disseram-me: —
“Meu senhor, é porque em casa do comendador Peixoto, a caridade é ilimitada. Aquele homem
que o senhor ali encontra, com modos muito severos, possui o mais bondoso coração deste mundo.
Ninguém apela para ele, que deixe de conseguir o seu auxílio. Nunca disse não a um pobre. E a família o
mesmo. Deus lhes dê a ventura que merecem. Aquela casa é um hospício, uma fonte de benefícios.
Desgraçados dos pobres destas imediações, se não fosse aquela santa família, que sempre tem para eles
a broinha e o caldinho verde, e muitas vezes também agasalho para os que lho imploram. Ai, a senhora D.
Antoninha, não há bondade como a dela. Diz-se até que deixa de comprar objectos para seu uso a fim de
melhor socorrer os desvalidos. Já ouvimos, que a nossa rainha é o Anjo da caridade; pois a esta bondosa e
caritativa senhora chamamos nós o Anjo dos pobrezinhos.”
Foi isto pouco mais ou menos o que ouvimos àqueles dois pobres velhos, e que trouxemos para
aqui no propósito de deixar completo o quadro em que se distingue a feição proeminente da excelência de carácter de Manuel José Peixoto e da longanimidade do coração de sua esposa, ambos por muitos
títulos credores da estima e admiração de quantos têm a fortuna de apreciá-los.