quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Abílio Bello Marques

Abílio Bello Marques nasceu em Lisboa em 1926. Frequentou as Belas Artes de Lisboa e efectuou viagens de estudo a vários países da Europa, nomeadamente Espanha, França, Itália, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Áustria, Suíça, Polónia, etc.
Residiu em Paris durante dois anos, tendo tirado um curso de História de Arte no Museu do Louvre.
Participou no Movimento Surrealista e Existencialista Português.
Decorou por várias vezes a Queima das Fitas de Coimbra, sendo o primeiro profissional a realizar tal trabalho.
Realizou inúmeras exposições colectivas e principalmente individuais em Portugal e no estrangeiro. De notar que, neste século foi o primeiro pintor a expor os seus trabalhos na Ericeira, Nazaré, Sesimbra, Costa da Caparica, Estoril, Albufeira, Faro e outros centros turísticos, quando ainda não existiam galerias nessas localidades. Fez também muitas exposições por todo o país, podendo mencionar entre elas as efectuadas em Portalegre, Elvas, Covilhã, Santarém, Leiria, Coimbra, Setúbal, Guimarães, etc., além de Lisboa e Porto.
A partir de 1974 e, durante alguns anos, dedicou-se à medalhística, dando um novo impulso a esta modalidade em Portugal, tendo executado mais de 300 esculturas para medalhas, algumas delas documentando a época histórica pós 25 de Abril e algumas de vultos intervenientes no processo de democratização do nosso país.Colaborou no desenvolvimento cultural dos novos países africanos de língua portuguesa, nomeadamente Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, onde residiu durante algum tempo, após a independência, a convite dos respectivos governos e dos quais possui cartas de agradecimento.
Em 1984 foi para o Brasil, a convite do Centro Educacional Calouste Gulbenkian, onde foi professor de arte e coordenador das Feiras de Arte do Rio de Janeiro.
De regresso a Portugal fez uma exposição temática na Casa da Imprensa, em Lisboa, sobre a mitologia dos índios Caiapós do Brasil, chamando através dela a atenção para a destruição, em todo o mundo, do ambiente e das minorias étnicas. Participou nas Goisarte 97, 98 e 99, evento cultural do Município de Góis, com pintura e escultura ao vivo pelos intervenientes neste certame.
Fez também várias exposições individuais, destacando-se entre elas, a Galeira Tabu de Torres Vedras, em 1999 e outra no Centro Cultural D.Dinis, em Coimbra, em 2000.
Participou também em exposições colectivas do “Atelier Colina das Artes” de que é um dos fundadores: no “Olivais Shopping Center” e no “Centro Comercial Colina do Sol”, em Outubro e Novembro de 2001. No centro Comercial Colina do Sol, em Março de 2002 e na Galeria Municipal da Arruda dos Vinhos em Março de 2002. Está representado em diversos Museus, especialmente na área da medalhística, em Portugal e no estrangeiro, destacando-se entre eles o British Museum de Londres, o Museu da Juventude em Moscovo, do Trabalho em Havana, da União dos Trabalhadores Angolanos em Luanda, dos Sindicatos em Varsóvia, entre outros.
Destacamos alguns dos seus trabalhos mais representativos: na pintura, os retratos dos reis Carol da Roménia e Humberto II de Itália; Presidente Agostinho Neto de Angola. Na escultura, os bustos da escritora Sara Beirão, do Comendador Costa Carvalho e de Amilcar Cabral da Guiné-Bissau.
Foi ainda publicado um livro sobre Trajes Tradicionais de Lisboa, com desenhos de sua autoria.
Esteve bastantes vezes presente nos Centenários dos Galifões, recentemente em 2000 e 2002, tendo vindo a falecer já no ano de 2004.
 


Sobre o "Mestre" Abílio Bello Marques, o "Clochard"
Era uma alegria, sempre que nos entrava pela porta dentro. Vindo de Lisboa ou do Porto, de Paris ou de Durban, o Clochard trazia consigo uma revoada de desassossegos que se sentavam, com ele e connosco, à mesa.
Homem de cultura eclética e sensibilidade profunda, aferrava-se às ideias generosas e zurzia as banalidades. Provocador e irreverente, era um militante da anti-estupidez - a estupidez do regime, a estupidez dos costumes, a estupidez de quem abdica da inteligência.
Passar com ele umas horas era agarrar um punhado de histórias que nos passariam ao lado se ele as não desenterrasse de sob as gentes e as pedras que os olhos do artista faziam desnudar.
O Clochard bebia o mundo em cada copo que bebeu connosco - e foram muitos .
Via a vida com as cores fortes que lhe nasciam da inteligência e retratava-a na tela, quase sempre com as cores suaves que lhe enchiam a patela da ternura.
Era uma alegria, sempre que nos entrava pela porta dentro.
É uma alegria tê-lo sempre, portas adentro.
Para lhe dar um abraço.

1 comentário:

  1. Tenho na minha coleção pessoal quatro guaches assinados por "Clochard".
    Ocasionalmente descobri que se tratava do Mestre Abilio Bello Marques , Graças a esta publicação da Repúlica dos Galifões

    ResponderEliminar